da janela de vidro
ouço todas as vozes da rua
principalmente a algazarra do bar
que fica aberto noite adentro
na passarela para pedestres
bem na curva da avenida
a melancolia do parque vazio
com todas as luzes acesas
o velho e a criança esperam no abrigo
do ponto o ônibus que não vem
e o supermercado fechado sem ninguém
fora da quadra está a infância
presa no portão automático fechado
as aves domésticas pastam no gramado
sem saberem que os anos verticais
passam iguais no calendário mariano
e os frutos maduros do abacateiro
caem na candura da luz solar intangível
na calçada do prédio
ronda o cão quase vagabundo
adotado pelas crianças abandonadas
tudo está tão perto que todas as tardes
parecem paisagens feitas de nuvens
e de barulhentas tempestades
do outro lado a cidade alterosa
abre os seus enormes braços
para acolher o vento grave das nuvens
19 de setembro de 2011
do outro lado
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
16:27
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2 comentários:
ui..que precioso Mauro...parabens !!!
mauro, estou absolutamente segura que seus escritos sao inspirados por Deus...
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