a transitoriedade e a realidade
ledo engano
quem pensa o
morro do Rio de Janeiro
assassina
muitos inocentes
nunca ficou
defronte da televisão
vendo uma
reunião do congresso
no dia que tem
votação ao vivo.
aquilo ali sim,
é chacina cruel!
leito esplêndido
o rio Doce
dorme em seu leito esplêndido
agora a água
que desce boi não bebe
peixes e crustáceos
não respiram.
morre a cada
manhã
solitário e
silencioso
não tem mais
banhistas em suas margens.
linguagens
não precisa
falar que está gostando
faz apenas um
sinal qualquer
- eu sou um bom
entendedor
fiz curso
rápido de libras
e outro bem intensivo
de elétrica.
maria-fumaça
a minha vida
toda
andei de trem
quando nasci
os trilhos
passavam
perto da janela
do quarto
onde eu dormia
e crescia
o apito, a
fumaça pareciam magia
antes mesmo do
cinema
existir e
perpetuar as imagens
o solavanco dos
vagões
a vagareza da
máquina
deslizando
suavemente
tudo era só
encantamento.
ainda sinto o
cheiro do capim
balançando
entre os trilhos
e os dormentes
de madeira.
minha avó e a vaidade
minha avó
Filinha era muito lúcida
sabia como
ninguém aproveitar a vida
depois de criar
sete filhos sozinha.
ela gostava
mesmo era pentear
os cabelos
grisalhos todas as tardes.
não adianta mais...
quando alguma
coisa dava errado
meu pai dizia:
"agora a Inês é morta"
em Portugal,
não é bem assim não!
a Inês mesmo
morta foi coroada rainha.
moradores do congresso
se a Espanha
tem a Catalunha
que quer a
liberdade
nós, aqui, no
Brasil
queremos ficar
livres
dos corruptos
moradores do congresso.
a insatisfação
é a mesma
só em
continentes diferentes.
não é bem assim
meu caro, não
fique lamentando!
o rico tem
mordomos, carros e iate
parece até que
tem tudo e do melhor
mas, não é bem
assim, não tem amigos!
não era
não era para
ser assim
alguma coisa no
meio do caminho
fez o trem sair
dos trilhos ... o que eu não sei...
a vida
continua... não era para ser assim...
o espiral e o tempo
não me pertence
tudo que fui
não sou mais
virou um enorme
deserto
todos os lados
que olho
parecem
distantes e vazios.
por onde andei
não ando mais
os pés cansados
e os olhos embaçados
caminho por
estradas tortuosas
que me levam
para lugares sinistros
o tempo está a
toda hora mais escasso
os meus
segredos já foram revelados
as minhas
palavras já foram escritas
tudo que penso
não vale mais nada
agora eu vou
dormir e esperar a noite
nem o sono não
me pertence mais.
não quero não!
se merece
condenação
quem fala de
saudade
prefiro prisão
perpétua!
morrer, não
quero não!
nem alimentar
saudade que nunca tive
o meu passado
não me condena.
não se repetem
muito pouco
mesmo!
mas, não se
repetem nunca.
a nossa memória
pensa o contrário.
nem túnel nem fim
tolice pensar
que vai melhorar
sinto muito ter
que dizer isso!
os corruptos
são protegidos
e os honestos
não conseguem unir.
(aguardem os próximos poemas do meu livro eletrônico inédito: Pequenos poemas)
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