29 de fevereiro de 2008

haicais


o poço é muito raso
não tem água
só amargura e sal









uma casa é feita de parede e colo
um barracão é feito de lona,
necessidade e abandono








não se contam os passos
de pés calejados
e de pobres necessitados

27 de fevereiro de 2008

haicais



sem terra, sem chão
a voragem dos dias
de uma república sem dono











se a noite é escura
os passos são vassalos
de gentes sem bandeira









miseráveis não têm rastros
nem boca nem saliva
só gritam aos quatro cantos

haicais

conheci muitas cidades
vi sóis e luas nascerem
mas não acrescento um dia à minha vida


Se nós conhecêssemos a liberdade
como sabemos da safra de um vinho
a nossa alegria seria muito mais duradoura.


É pelos atalhos que vou mais seguro
porque toda distância tem um fim
e todos os caminhos levam ao mesmo infinito

19 de fevereiro de 2008

poema



se você quer alguma
acredita que pode alcançar
basta abrir as mãos
dar os primeiros passos
persistir no caminho
e acordar bem cedo
é a brisa da manhã
que alimenta os sonhos

a vida é vespertina

se você quer alguma
acorda cedo e olha para cima

18 de fevereiro de 2008

haicai




haicai


14 de fevereiro de 2008

haicai


12 de fevereiro de 2008

haicai


11 de fevereiro de 2008

haicais



























8 de fevereiro de 2008

O receptáculo















A homenagem à minha amiga Fabiana Oliveira Fonte Boa quando estava esperando o seu filho Leon.


Em seus olhos
há brilho de vida,
pulsação e serenidade.
Como o sol da manhã
quando cobre a terra.

Em sua boca
há palavras de verdade,
compreensão e amizade.
Como a estrela brilhante
quando aproxima a noite.

Em seu ventre
há fachos de luz,
aconchego e vitalidade.
Como uma terra fértil
quando recebe uma semente.

Em sua vida
há promessa de alegria.
Como a claridade do dia
qua traz o calor e a fertilidade.

A sua vida é vida
que promete mais vida.

Poema























Cheiro de terra molhada.
Zumbido de abalhas silvestres no ar.
Não duram para sempre.

Basta fechar os olhos.

Poema


7 de fevereiro de 2008

haicais


o trigo no campo
– cifras e grãos
na mesa – só pão




A cigarra canta alto
porque pensa
que nunca vai morrer

4 de fevereiro de 2008

haicais

o sapo pula dentro
da lagoa da grota
para balançar a lua


o fruto maduro
na beira do muro
é chamariz de pássaros

haicai





o vento que balança
o galho da goiabeira
anuncia tempestade

3 de fevereiro de 2008

Cinema III


















Eu acredito e sempre acreditei
– as lembranças boas é que permanecem –
porque, no fim, tudo vai ser uma lembrança.

Cinema II



















Natalie Wood não foi só tristeza e sofrimentos
nem “rastro de ódio” nem “clamor de sexo”
Foi “amor sublime amor”.

Cinema I

















Nada é para sempre.
Mas a Ingrid Bergman em preto e branco
coloriu toda a minha vida.

haicai




















Aprendi muito
vendo os bambus ao vento
–vergar sempre, quebrar nunca!