30 de outubro de 2010

amanhã


a nós, cidadãos,
cabe votar.
esperar que as promessas
feitas em turnos
não caiam no esquecimento
e nada fique no escuro
porque só nos interessa
a claridade, a ética
e a verdade.
o futuro não nos pertence
mas pode estar nas mãos
das crianças que leem livros
e cuidam das flores.

28 de outubro de 2010

ainda...


não ouso
transfigurar nada
porque ainda me nutro
das folhas que o vento
insiste em derrubar
das árvores.

ainda guardo nos olhos
as cores das flores
do jardim da infância.

ainda atiro pedras
sobre o espelho
d'água do rio Doce.

ainda ouço os sinos
da igreja Matriz
despertando os homens
e os arcanjos.

ainda danço a sinfonia
selvagem das pétalas
e das noites escuras.

ainda tenho na boca
o gosto dos bolos
das barraquinhas de maio.

27 de outubro de 2010

A civilidade (mitologia II)

Demetra, a deusa mãe,
é o nome de Ceres
na mitologia romana,
uma das doze divindades
do Olimpo, filha de Cronos e Réia.
Deusa da terra cultivada,
das colheitas e das estações do ano.
Carrega nas costas ramos de trigo,
planta símbolo da civilização.

Em Roma havia um festival
em sua homenagem, Cerélia,
em plena estação da primavera.

26 de outubro de 2010

A protetora das cidades

Héstia para os gregos
e Vesta para os romanos
é a deusa dos laços familiares
por isso é simbolizada
pelo fogo da lareira.

Cortejada por Posídon
e Apolo preferiu não se casar;
embora pouco citada,
pelos historiadores,
era sempre muito admirada
por todos os deuses
porque personificava
a morada estável
onde os homens se reuniam
para oferecer suas preces.

Sempre fixa e imutável
essa deusa era adorada
por proteger as famílias,
as cidades e as colônias.

24 de outubro de 2010

haicais

nas manhãs de outono
sempre aparece
um pássaro no quintal

da praia do Canto
o cargueiro de minério
desaparece mar adentro.

o cheiro de café
nas manhãs frias
desperta o preguiçoso.

23 de outubro de 2010

haicais

no bairro Floresta
as damas da noite
perfumam as ruas

pela manhã, os pardais
procuram migalhas de pão
no chão da cozinha

perto das falésias
as gaivotas desfilam
suavamente sobre o mar

22 de outubro de 2010

o desenho











Enquanto a dona Cota
contava as estórias de fadas
eu, ainda infante, desenhava
nos meus pensamentos
um mundo muito mais perfeito
que os fins dos contos
um mundo sem terremotos
e sem dor;
um mundo sem vulcões
e sem maldades;
um mundo sem países
e sem fronteiras.

Como os pássaros soltos
fazem o seu trajeto
livre no céu.

12 de outubro de 2010

A geologia do amor












Eros, deus do amor,
filho de afrodite,
a deusa do amor.
Seu pai Zeus,
Ares de codinome Hermes,
tinha um irmão: Anteros,
deus do amor correspondido.
Anteros tinha dois amigos:
Potos (saudade) e Himeros (desejo).

Eros nasceu na Grécia antiga
E, muitos séculos depois,
naturalizou-se romano
adotando um nome –
quem tem um coração
frágil sabe – Cupido.

Eros, um dia,
apaixonou-se perdidamente
pela mortal Psiquê
e deu-lhe como presente:
a vida eterna.

haicais
















só as janelas do tempo
ensinam a descobrir os segredos
das pedras de um longo caminho















o poeta não inventa nada
só atiça a memória
das coisas que já existem




















na tênue luz da manhã
o galo canta no quintal
despertando um novo dia

10 de outubro de 2010

haicais













a primavera promete
semente para o plantio
e o céu chuva abundante












o sapo espreita
a mosca no ar
e a jibóia os devora















a garça branca balança
o corpo comprido
com toda graça e leveza










o tronco da árvore
marca com clareza
a enchente do rio

9 de outubro de 2010

A tarde
















Quando a tarde vem
o sussuro dos ventos
a brandura do sol
anuncia mansamente
que vem a noite
na canção dos sinos
no negrume do céu.

E agora que anoiteceu
o homem dorme
a estrela brilha
e a saudade desperta.

3 de outubro de 2010

"o bota fora"

aos meus colegas e amigos (as) que deixei na ALMG


no meio de tantos amigos,
na festa de despedida
surpresa
parecia que eu estava no
céu
ao lado de tantas
estrelas
e bem no meio de um lindo
sonho.

minha vida que já passa do
meio-dia
já vivi acreditando em contos de
fadas
já corri atrás de sonhos
impossíveis,
já dei a minha pele,
o meu sangue e a minha juventude
por utopias
possíveis
em tempos de ditadura violenta
e sobrevivi.

hoje quero que fique
dentro do meu coração
os amigos que ficaram
no passado e presentes pra sempre
como as estrelas,
a lua e o céu azul
na minha vida daqui
pra frente.