26 de julho de 2013

Ainda

O meu amigo e poeta Luiz  está sempre me surpreendendo com belas poesias. Obrigado!


Ainda mora dentro de mim,
um menino arredio,
meio atrevido.
Tão vivo de vida,
que ainda sonha acordado
e anda brincando, num canto gostoso
dum quintal de casa de mãe.

Luiz Dias

23 de julho de 2013

haicais

o fogão de lenha,
na cozinha chamuscada,
reunia toda minha família



a chuva fina de inverno
atrapalhava, pela manhã,
o padeiro ambulante


primeiro, vinha o batedor
e o grito do vaqueiro;
depois, aparecia a boiada


o fazendeiro vendia
bem cedinho, leite fresco
e, à tarde, cachaça das boas!

15 de julho de 2013

poesia V

debruçado na janela do tempo
olho para minha infância feliz
cada vez mais distante

não sou poeta, nasci poeta!
a minha memória
não me deixa inventar nada
apenas recordo tudo que já vivi
nada mais do que isso
tudo na minha poesia existe
é apenas um varal no fundo do quintal
onde penduro as minhas lembranças

enquanto a velhice não chega de vez
a poesia é a chave da porta da casa
onde encontro palavras e alegria

10 de julho de 2013

canção do tempo


o silêncio, irmão do mistério,
é uma canção do tempo
não é escuro, nem claro
apenas tem a idade das pedras
às vezes até sorri
mas não movimenta nada
porque é cheio de vazios

8 de julho de 2013

cotidiano



não escrevo sobre o absurdo
nem sobre o impossível
minha poesia fala do rio
da esquina, da rua e da saudade

não escrevo sobre a miragem
nem sobre o intrépido
meus versos são claros,
simples, breves e possíveis

não escrevo sobre as invenções
nem sobre o inevitável futuro
minha escrita sussurra baixinho
as experiências vividas no passado

eu estou sempre falando
sobre o durante que é eterno
e sobre o agora que eterniza
os instantes vividos no cotidiano

2 de julho de 2013

macho

mamão macho, dizia minha mãe,
só serve pra fazer doce,
não serve pra mais nada!

plantar, ninguém plantava;
mas, sempre aparecia no fundo do quintal,
essa maldita planta que não servia pra nada!