as terras em que nasci
foram moldadas
pelas águas salgadas
do mar e pelos ventos
ao longo de milhões
e milhões de anos.
sulcadas por íngremes
penhascos e enormes
abismos sem fim.
quando as águas dos mares
formaram os continentes conhecidos
deixando as minhas terras
adornadas por matos,
bosques e prados,
marcando a paisagem
com o seu majestoso relevo.
28 de fevereiro de 2011
as minhas minas
26 de fevereiro de 2011
sexagenário
a vida é muito curta
cabe numa régua de 60 (cm)
em linha reta.
por isso tudo que vem depois
é que me interessa
não tenho mais pressa.
tudo é breve, acredite!
até um dia ensolarado
acaba, anoitece.
só vale a dois
haicais
20 de fevereiro de 2011
fuso
Memória de jardins
Os vagalumes, os pássaros,
as cigarras e as formigas
restituem-me a memória.
as borboletas flutuando no ar
sempre mudas tentam desvendar outros tempos.
e eu, aqui e agora, tanto tempo depois,
continuo vivendo o que já vivi,
vi e ouvi nesses jardins urbanos de cimento
e nessas flores de mármore importado.
não decifro os abrolhos, os abismos,
os horizontes e os segredos da vida.
De onde que vem
Um dia nublado
19 de fevereiro de 2011
Contadora de estória
estórias contadas mudam
destinos, vidas e pessoas.
quem conta estórias
conhece o rio e suas margens
sabe que a vida tem começo,
meio e fim para começar de novo.
a contadora de estórias sabe
que a noite guarda mistérios,
segredos e enredos
e é no coração que nasce
a bondade, o ódio e a solidão.
e a melhor estória
é a que fala de gente,
de bicho e de assombração.
18 de fevereiro de 2011
Bicho feliz
Um bicho me espreita.
Uma flor me olha.
Um rio me fala.
Uma lua me acha.
A formiga carrega a árvore,
E o peixe, o rio dentro dele.
Eu carrego a vida,
que ainda é minha.
Tudo passando no mundo,
E você ainda me espera,
Como primavera que chega.
Dois terços
17 de fevereiro de 2011
Exegese I
o céu não conspira contra
nem a favor;
tanto é verdade
que o sol brilha para os bons
como para os maus;
assim como difere
o brilho da claridade do sol,
da lua e das estrelas.
cada um tem a própria luz.
o céu e o mar vão continuar
cobrindo e dividindo a terra.
a função da figueira
é produzir figos no tempo certo,
a da laranjeira, laranjas;
e assim por diante.
vive mais quem sabe compreender
avança mais quem sabe esperar
ama mais quem se deixa ser amado.
12 de fevereiro de 2011
Não posso
Eu não posso viver
Sem você.
Você é o caminho dos meus passos
A luz da minha vida
O sol do meu dia
E as estrelas da minha noite.
Eu não posso viver
Sem você.
Onde vou chegar?
O que vou fazer?
Onde vou morar?
O que vou esperar?
Como vou caminhar?
Eu não posso viver
Sem você.
Você é a areia do meu deserto
A flor do meu jardim
A água límpida do meu rio
As ondas do meu mar
E a canção da minha vida.
Eu não posso...
Sem você.
11 de fevereiro de 2011
Declaração de bens
Quando um banco
Me liga oferecendo vantagens
Penso na fila
E no aviso que o sistema
Está fora do ar.
Não tenho tanto dinheiro assim
Pelo contrário, está sempre faltando.
Tenho livros empoeirados,
Poemas guardados,
Unhas encravadas,
Carro velho,
Celular antigo
E uma resma de papel
Em branco
Esperando um poema
Que ainda não escrevi.
1 de fevereiro de 2011
enquanto eles não chegam...
o amor hiberna
faz inverno no coração
e na monotonia do casal.
só as coisas ternas
fazem milagres na vida
ela, a mãe, é só ternura
e ele, o pai, eu não sei
mas teve ter respingado
alguma coisa dela no seu coração.
enquanto eles não chegam...
a boca da mãe é só sorriso
alegria misturada com felicidade
faz os sonhos em dobro
e preocupação com o carrinho
de um ou de dois lugares.
quando os gêmeos nascerem...
dois berços, várias mamadeiras
e muitas fraldas e... mais fraldas.
(não era isso que eles esperavam
mas felicidade pouca é bobagem!)