30 de dezembro de 2007

Feliz Ano Novo


Que o Ano Novo seja repleto de muitas felicidades,
muita saúde e uma grande festa todos os dias do ano.

28 de dezembro de 2007

haicai


27 de dezembro de 2007

Os olhos de menina

A Karina Assad Mazieiro Panadés

A Karina tem os olhos
De uma menina
Que brilha e ilumina.

Parece uma menina
Mas não é uma menina
É a mulher do André.

O André tem muita sorte
Casou com uma mulher
Que parece uma menina
Que brilha e ilumina.

BH, 7/dezembro/2007

26 de dezembro de 2007

Sobre a felicidade – Feliz 2008

Em 2005, na virada para 2006, escrevi um texto para os amigos refletindo sobre a felicidade.
Nesta época, quem não tem um propósito, um desejo ou mesmo uma vontade para começar o ano muito bem. Eu acredito e tenho certeza que o ser humano foi criado para ser feliz. Só quem é feliz pode adorar e reconhecer seu Criador: Deus criou o homem para ser feliz.

Este ano recebi de volta este texto, a minha amiga e irmã de fé, Fabiana Oliveira Fonte Boa, me enviou com os votos de um Feliz Natal e um próspero Ano-Novo, por isso resolvi postá-lo novamente:

Um dos motivos pelos quais a felicidade é tão difícil de alcançar é que nem sabemos bem o que ela é... A felicidade é, na verdade, a soma de três coisas diferentes: prazer, engajamento e significado.
Prazer você sabe o que é. Trata-se daquela sensação que costuma tomar nossos corpos quando dançamos uma música boa, ouvimos uma piada engraçada, conversamos com um bom amigo, fazemos sexo ou comemos chocolate.
Já engajamento é a profundidade do envolvimento da pessoa com sua vida. Um sujeito engajado é aquele que está absorvido pelo que faz, que participa ativamente da vida.
E, finalmente, significado é a sensação de que nossa vida faz parte de algo maior. O jeito tradicional de conquistar esse terceiro pilar da felicidade é via religião. Mas esta não é a única forma de dar significado à vida. Um truque eficaz para ficar mais feliz é fazer o bem para os outros. Também se alcança significado construindo algo que pode sobreviver a você. O exemplo clássico é criar filhos. Uma outra dica é acreditar que sua vida é importante para alguma grande causa: a história, a ciência, a justiça social, a democracia, a liberdade, o progresso, a natureza.
Para terminar, há uma regra geral da qual especialista nenhum discorda: ter amigos (e nem precisam ser muitos) ajuda a ser feliz. Amigos contam pontos nos três critérios: trazem ao mesmo tempo prazer, engajamento e significado para nossas vidas.
Felicidade não é um fim em si e sim uma conseqüência do jeito como você leva a vida. As pessoas que procuram receitas e respostas complicadas para ela acabam perdendo de vista os pequenos prazeres e alegrias. É o dia-a-dia de uma pessoa e a maneira como ela reage às situações mais banais que definem seu nível de felicidade. Para resumir tudo: um jeito garantido de ser feliz é se preocupando menos em ser feliz.

19 de dezembro de 2007

Natal presente de Deus



A minha alma espera somente em Deus;
dele vem a minha salvação.
Só Ele é minha rocha e minha salvação;
é a minha defesa; não serei grandemente abalado. (Salmo 62)



Há um tempo de plantar e há um tempo de colher. A nossa vida é infinita porque é cheia de possibilidades. A nossa vida é fruto de um pensamento divino e de um sopro de um Deus misericordioso.
Estamos em um tempo de festa e em um tempo propício. Tempo de refletir: o que fiz de bem, com certeza, posso fazer melhor. O amor que eu dediquei à minha família, posso dedicar e cuidar mais e melhor. O que fiz para os meus amigos com muito carinho, com certeza, posso melhorar mais e mais.
Natal é o aniversário de um menino, um menino-Deus, um menino-Amor, um menino-Salvador.
Natal é a festa dos homens e de todos homens de boa vontade.
Natal é a vida que se renova e se refaz na fonte da vida.
Natal é promessa de vida, na vida e no coração.
Que Deus, menino e judeu cubra a cada um de nós de Amor, Paz e Saúde. São os meus sinceros votos.


18 de dezembro de 2007

Mensagem de Natal


Arilma,
a sua mensagem ficou linda, linda mesmo. Mensagem de Natal é isso que você fez.
Muito obrigado. Desejo-lhe tudo isso e muito mais. A sua felicidade mais a companhia dos seus familiares e amigos todos os anos vindouros:


17 de dezembro de 2007

Correr riscos sempre


Pra que











Pra que templos suntuosos
se Deus mora no coração dos humildes.

Pra que pontes tão largas
se os homens não se comunicam.

Pra que catedrais tão altas
se o Espírito Santo não tem corpo.

Pra que lindas canções de amor
se a lei vale mais que a promessa.

Pra que túmulos de mármore
se os mortos sempre voltam ao pó.

14 de dezembro de 2007

Contos urbanos da loucura III

Distocando e bassourando

Já viajei muito – disse Clemente – e nunca deixei de fazer qualquer coisa por estar com medo. A vida não perdoa os medrosos. A vida é do tamanho do nosso pensamento, não é mais nem menos.
Com essas palavras, Clemente passava o dia inteiro subindo e descendo as ruas da cidade. Podia estar chovendo ou fazendo sol. Sempre com uns ramos em uma mão e na outra uma vassoura de piaçava. Subindo e descendo as ruas da cidade. Varrendo as ruas e arrancando as flores do jardins das casas.


....

Foram muitos anos a rotina do Clemente pela cidade. Quando não estava varrendo as ruas e arrancando as flores dos jardins sentava nas calçadas e não parava de contar as suas histórias.
A sua expressão atravessou várias gerações na cidade: distocando e bassourando.

....

Quando ele morreu a cidade ficou muito suja, mas toda florida.






A vida é mesmo assim












Enquanto a vida
vai passando tão depressa.
Chove lá fora,
o relógio deixa o rastro
das horas que já passaram
e o telefone toca sem parar.


A vida é assim mesmo.
Não vai me esperar fechar a porta,
recolher as flores e saborear os frutos.


A vida é assim mesmo.
É o sol que determina o tempo
É a lua que revela os sonhos.


A vida é assim mesmo.
Não pertence a ninguém.


12/dezembro/2007

10 de dezembro de 2007

Conversa caipira


O dialeto caipira é um dialeto da língua portuguesa falado pelo caipira no interior do estado de São Paulo, no Brasil, e em parte dos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. Em outras regiões do país é chamado de capiau ou matuto O meu amigo e colega de trabalho, José Jurani Garcia de Araújo captou de uma forma magistral em versos (com a sua permissão estou postando no meu blog):






"Olha, moço
Aqui é isso que o senhor está vendo
Montanhas

Um monte delas
Iguais e diferentes

O senhor me entende

Iguais pela natureza de proteger a gente contra o mundo
De guardar algum sossego

Diferentes no particular de cada uma
E no jeito de cada um enxergar o que vê

O senhor sabe
Tudo pode ser assim ou assim

Pedra, buraco, distância, bicho, mato
O perto e o longe, o fundo e o raso
O lugar e o fora do lugar

Se o senhor me permite
Até o bonito e o feio
O direito e o torto

Tudo tem o lado de lá e o lado de cá
O que a gente vê e o que não vê
As curvas, os escondidos

É assim com as montanhas
Assim é com as pessoas

Todo mundo, no fundo, é mais do que parece
Ou menos do que aparenta

Assim é também com as histórias
Cada um conta do seu jeito
E entende da sua maneira

É assim nos desencontros
O que um fala, o outro escuta a metade
Ou o dobro

No pão-pão, queijo-queijo
Aqui é o que acontece com a gente todo dia
O de costume e o sem aviso

Uma chuva, um desassossego
Uma tristeza, uma alegria

O que Deus manda – de bom e de ruim
Tudo misturado

A gente é que separa
E leva de noite pro travesseiro

No outro dia
Se Deus estiver de acordo
O galo canta, a gente espreguiça
E a vida prossegue"

8 de dezembro de 2007

Santa Ceia












Em dezembro preparo a ceia,
sento à mesa com a mulher e os filhos,
descasco castanha do pará,
pego manga no pé
e durmo depois da meia-noite.

Silêncio










As nossas palavras silenciosas
podem tocar a brisa que cobre a relva
mas não podem mover um coração insensível

Busco nas palavras
o silêncio
que a saudade me traz

5 de dezembro de 2007

Contos urbanos da loucura - II

Este casarão é da cidade Jequitinhonha, no Vale do Jequitinhonha, terra da minha colega de trabalho e uma grande amiga Heloísa Sávia Amaral Duarte, produtora musical.




O amor quase mais que perfeito


A tarde caía, quando o carro que levava Miguel, em companhia de Pedro, parou em frente daquele casarão antigo. Por cima da porta de madeira tinha uma placa: "República dos Ratos", ornada por dois grandes leões. A porta se abriu e apareceu uma mulher jovem, acompanhada de duas crianças que contemplavam de olhos arregalados os visitantes. Os rapazes cumprimentaram as crianças com gestos estranhos das mãos no que foram imediatamente imitados.
– Vocês são os novos inquilinos doutores da república?
– Sim, responderam os dois quase juntos.
– Vocês estavam sendo esperados antes do almoço. Eu sou a faxineira. Já estou de saída. Deixei tudo arrumado para os doutores. Vamos, crianças, estamos atrasados. Só balançou a cabeça, num gestual todo próprio, e desceu a rua.
– É lindo este lugar! Nunca vi nada tão legal! Mais bonito do que a cidade de Recife. E a que distância fica da universidade? – perguntou Miguel.
– Uns três, quatro quilômetros, mais ou menos – respondeu Pedro.
– É muito longe! Como se pode morar tão distante da universidade? Disseram que esta cidade era pequena, uma cidadezinha do interior.
– Vamos entrar para desfazer nossas malas. Depois eu mostro a cidadezinha do interior para você. Vamos chegar primeiro, disse Pedro, pegando as suas bagagens.
A cada momento, descobria novos motivos de surpresa e admiração. O que mais o deslumbrou, porém, foi a informação de que a casa ao lado era uma república de mulheres.
– Elas estão lá agora?
– Elas quem? – perguntou Pedro distraidamente enquanto abria o armário de aço preso na parede do quarto e observava cuidadosamente a limpeza da faxineira, passando o dedo em todos os móveis.
– As moças da república ao lado!
– Oh, amigo, vai devagar! Você se esqueceu de que as férias ainda não terminaram? As moças não são C DF como nós dois, que viemos para cá nas férias. A república ao lado só vai abrir na próxima semana, quando começam as aulas pra valer.
......
Miguel saiu da sala de aula mais cedo para passear pelo campus da universidade.
– Nunca vi nada igual. Parece uma fada daqueles livros de contos que a minha tia gostava de ler para mim quando eu era criança. É a mulher da minha vida. Pedro, quem é aquela moça que está sentada nas escadas do final do corredor?
– O nome dela é Luiza, nossa vizinha. Estuda Belas Artes.
......
Final de ano. Todos prontos para deixar a república. Menos Miguel, que havia pulado a janela da república ao lado. Estava tendo a última aula de anatomia no quarto da vizinha Luiza. A medicina cura o coração, mas é a arte que idealiza o prazer. E o amor, sem prazer, fica grande demais e torna-se inútil.

4 de dezembro de 2007

Contos urbanos da loucura - I

Gosto muito de escrever em prosa. Eu tenho um livro cheio de pequenas estórias. Não são pequenos contos de ficção, mas pequenos trechos de um romance sem fim que é a vida. Hoje estou postando o primeiro de uma série de muitos:













A noiva da cidade barroca


No dia em que Cota e Miro se casaram choveu muito. Os convidados ficaram intrigados porque os noivos resolveram se unir pelos laços do matrimônio numa época tão propícia a grandes tempestades. Dizem que o amor e a paixão embaçam a razão, mas não precisam encharcar os pés e a roupa dos apaixonados. Subir as ruas estreitas até o alto do morro para chegar na porta da igreja foi um esforço quase sobre-humano. Uns diziam nunca, mas nunca mais irei num casamento debaixo de chuva. Outros resmungavam palavrões impublicáveis. Enfim, foi um alívio quando o padre fez o sinal-da-cruz sobre os noivos declarando-os marido e mulher para sempre.
Cota era uma moça muito recatada, franzina, olhos verdes bem claros que pareciam duas esmeraldas, seios pequenos e arredondados; mas o que mais chamava a atenção era sua voz doce e suave. Seu pai era o tabelião da cidade. Um homem austero que fora, no passado, um importante político da região. Andava pela cidade de terno preto e uma gravata larga azul. Não importava se era um dia de calor ou de frio. Era sempre o mesmo terno. Cota era professora de história de uma escola pública. Miro, seu marido, um homem grande, ombros largos, cabeça raspada, sobrancelhas e barba ralas. De onde ele tinha vindo, ninguém sabia; uns diziam, pelas esquinas das íngremes ladeiras, que era do recôncavo baiano ou, quem sabe, do Jequitinhonha mesmo. Era homem de pouca conversa. Suava muito na testa, tinha constantemente nas mãos um lenço branco enorme, que mais parecia uma toalha de rosto.
Depois do casamento, Miro ficou vários anos sem trabalhar. Vivia às custas da mulher. Viajava muito. Ausentava-se da cidade várias semanas, e até meses. Um belo dia, chegou para a mulher e disse:
– Vou me estabelecer aqui na cidade. Acabei de comprar um açougue. Estou cansado de viajar.
E foi realmente o que fez.
Os anos se passaram. O casal era convidado para as festas e as folias. Mas nunca aceitavam os convites. Também não tinham filhos. A única regalia daquela mulher era reunir as crianças e os jovens que voltavam da escola, na porta do seu casarão de portas e janelas compridas, para contar as lindas histórias de príncipes, reis, rainhas e fadas. Sabia como ninguém contar histórias. Terminava o dia, o sol se escondia atrás do morro, a noite chegava mansamente para forrar o céu com seu manto escuro salpicado de estrelas e uma lua prateada quase redonda. E ela continuava noite adentro, contando histórias do sem-fim e das mil e uma noites. Só parava de contar as histórias quando seu marido chegava, vestido todo de branco, cabisbaixo e mudo.
Um dia acordou às quatro da madrugada. Estavam batendo na porta. Levantou-se para atender. Era o delegado de uma cidade vizinha.
– A senhora é a mulher do açougueiro Miro?
– Sim, eu sou a esposa do Miro. Aconteceu alguma coisa com o meu marido?
– Minha senhora, ele foi preso por ordem do juiz. Ele é um jagunço muito perigoso.
Ela olhou para o delegado e ficou repetindo quase balbuciando: não entendo, não entendo, a minha vida era uma solidão, mas agora virou um deserto, e continuou dizendo: não entendo, a minha vida é um deserto a perder de vista.
Hoje vive em Ouro Preto uma mulher que todo mundo conhece como "a louca da vassoura". Anda dia e noite pelas ruas e ladeiras falando alto e sozinha que conheceu a Marília do Dirceu, fez curativos nas mãos do famoso Aleijadinho e sabe quem pôs fogo na cadeia pública, mas não pode contar pra ninguém porque senão terá o mesmo fim de Tiradentes.