vi minha tia "Nete",
ela é tão parecida com a minha mãe
na cor da pele
e no inclinar a cabeça
para a esquerda nas fotografias.
o jeito intenso de viver
vem do lado dos veríssimos
e a afabilidade admirável
no trato com as pessoas
vem, com certeza, da minha vó filinha.
e a voz entre os dentes, nunca esqueço, tia!
28 de fevereiro de 2014
afabilidade
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
21:05
24 de fevereiro de 2014
haicais
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
12:38
o calango verde
não vira a cabeça
apenas revira os olhos
o gato do vizinho -
espreita o dia inteiro
a galinha e seus pintinhos
os frutos maduros
da acerola se perdem
no quintal do vizinho
22 de fevereiro de 2014
barquinhos de papel
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
18:54
quando vem a chuva da tarde
ligeira e tempestiva
dos primeiros meses do ano
faz-me lembrar da infância
das enxurradas descendo a rua
com o coração ansioso e alegre
dobrava os barquinhos de papel
para fazerem suas jornadas até a esquina
e afundarem no bueiro da rua de baixo
ligeira e tempestiva
dos primeiros meses do ano
faz-me lembrar da infância
das enxurradas descendo a rua
com o coração ansioso e alegre
dobrava os barquinhos de papel
para fazerem suas jornadas até a esquina
e afundarem no bueiro da rua de baixo
20 de fevereiro de 2014
zé das cobertas
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
21:45
o mendigo perambula
dorme nas calçadas e nas esquinas
todos do bairro conhecem:
o zé das cobertas
o cobertor é a sua riqueza
enrolada na miséria
17 de fevereiro de 2014
haicais
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
14:08
só aparece no tronco
a cabeça vermelha
do silencioso pica-pau
a cabeça vermelha
do silencioso pica-pau
as flores roxas
caem quando o vento
balança os galhos
caem quando o vento
balança os galhos
o sabiá-laranjeira
fez o ninho na grade
da janela do banheiro
fez o ninho na grade
da janela do banheiro
15 de fevereiro de 2014
frágil
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
20:39
a vida é tão frágil
parece roupas penduradas no varal
vem o vento e balança
vem o sol e seca
vem a lua e brilha
e tudo é muito pouco
está sempre faltando alguma coisa
a vida é tão frágil
parece um cometa
aparece tão rápido
deixa apenas um rastro luminoso
e vai embora infinito afora
tem o seu próprio ritmo
não importa pra quem sorri
ou pra quem chora
pra uns é muito cedo
e pra outros é muito tarde
a vida é tão frágil
parece aquela linda manhã
que já passou há muito tempo
e ficou somente na lembrança
13 de fevereiro de 2014
Engaiolados e belos
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
14:25
Canário da terra,
cabeça de fogo,
ou simplesmente "canarim"
era assim que eu conhecia
esse lindo pássaro.
Hoje, a polícia florestal
apreendeu várias gaiolas
com esses pássaros maltratados
e ainda assim, belos, como sempre!
cabeça de fogo,
ou simplesmente "canarim"
era assim que eu conhecia
esse lindo pássaro.
Hoje, a polícia florestal
apreendeu várias gaiolas
com esses pássaros maltratados
e ainda assim, belos, como sempre!
9 de fevereiro de 2014
Vinho derramado
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
11:37
(fotos do facebook.com/colegas de classe - colégio libermann - cp)
à minha amiga de infância Lúcia Pessotti
virá o dia em que o mundo
será uma rua, um retrato e uma lembrança.
Virá o dia em que os poemas
se converterão em memórias
como cartas que se guardam
em gavetas que nunca serão abertas.
Virá o dia em que não saberei mais
o que é fronteira, distância e tempo
a saudade abrirá todas as portas do céu
e as lembranças não precisarão de asas para voar.
Virá o dia em que o vinho tinto derramado,
na fotografia sem cor e esmaecida pelo tempo,
manchou apenas os dias longos de chuva e de cinzas
mas não escondeu teu rosto,
não apagou tua cicatriz,
nem tirou o brilho dos teus olhos
o tempo apaga dores sim, saudade não!
4 de fevereiro de 2014
haicais
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
08:37
sob o sol forte
eu vou, lentamente,
subindo a rua tito
minhas insônias espreitam
os trens nos trilhos
e o silêncio na madrugada
o sol do meio-dia
parece uma vidraça
que me circunda
eu vou, lentamente,
subindo a rua tito
minhas insônias espreitam
os trens nos trilhos
e o silêncio na madrugada
o sol do meio-dia
parece uma vidraça
que me circunda
3 de fevereiro de 2014
ampulheta
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
09:47
vazio de um lado
cheio do outro
em cima como embaixo
a areia é sempre a mesma
o tempo passa
enquanto a vida escorre
quando o último grão cai,
inicia outros tempos
cheio do outro
em cima como embaixo
a areia é sempre a mesma
o tempo passa
enquanto a vida escorre
quando o último grão cai,
inicia outros tempos
1 de fevereiro de 2014
Chácara
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
15:21
para a minha amiga Maria Olímpia de Paula
chácara é um labirinto
onde o olhar se perde
e o prazer se apruma.
hesito. gaguejo. estremeço.
é assim que me sinto
quando recebo o convite
para voltar a esse recanto
cheio de luz, sombra, beleza
cachoeira, caminhos e lagos
um lugar único - memória e saudade
Assinar:
Postagens (Atom)