28 de abril de 2009

Pureza

Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá inaugura em 30 de abril de 1854, na presença do Imperador e toda a corte, a primeira estrada de ferro no Brasil. A minha homenagem a este feito tão importante, entusiasta que sou do transporte férreo.





O sonho
Do barão
Era colocar
O trem nos trilhos
Para respirar
O ar puro
De Petrópoles.


O sonho
Desse barão
Não era ser rei
Mas subir a serra.

27 de abril de 2009

Ofício

O meu ofício
É árduo demais.
Descortinar
Os mundos encobertos;
Cuidar
De jardins no deserto;
Captar
Os recados perdidos
Nas almas humanas
E ainda dormir
Todas as noites
Um sono profundo.

25 de abril de 2009

A chuva













Agora está chovendo
Como a chuva faz bem!
A chuva é igual ao amor
Lava o corpo e encharca a alma.

A chuva molha a terra
Escorre pela rua afora
Parece lágrima do céu.

A chuva não apressa ninguém
Beija as flores e acaricia os galhos
Sacia a sede dos animais
E leva o sorriso para as matas.

A chuva é um sinal de Deus
Para todas as criaturas vivas.

24 de abril de 2009

Um beijo


Qualque dia desse
vou roubar
um beijo seu
e vou dizer
pra todo mundo
que os seus lábios
têm gosto de mel
e por ser roubado
é muito melhor.

22 de abril de 2009

Todo dia

A minha vida
Parece uma viagem de trem.
Todo dia tem uma partida
De um lugar
De uma estação.
E quando sai
Vai devagarinho
Bem devagarinho
Pra não acordar ninguém.
Trem vai trem vem
Trem vai trem vem.

20 de abril de 2009

Haicais

a chuva fina
da tarde de ontem
trouxe a brisa fria

as garças à tarde
voltam pelo mesmo
caminho da manhã

os olhos escuros
da moça sobressaltam
as grossas sobrancelhas

enquanto as crianças
brincam com balde
a mãe mostra o corpo

o mar atiça os desejos
como os deuses antigos
inspiravam os mortais

17 de abril de 2009

Nasci nas minas mesmo













(Mina do Gongo Soco, no município de Santa Bárbara/MG, da Vale do Rio Doce)


Desde a primeira
Aurora do mundo
Eu já sabia
Que fui feito do pó
E ao pó haveria de voltar.

Agora o que ninguém sabia
Nasci poeta e mineiro
Tenho um pouco de pedra
na alma.
E muito de ferro
no coração.

14 de abril de 2009







13 de abril de 2009

Everthing In Between

Guardo nas gotas
Do orvalho da manhã
Os meus segredos
Que não conto pra ninguém.

Guardo nos primeiros
Raios do sol
As melodias suaves
Que me embalaram
Na noite que passou.

Tudo nesta vida
Tem um segredo
Cabe a cada um
Revelar ou não.

9 de abril de 2009

A Ceia

Sexta-feira santa

na sexta-feira santa,

3 horas da tarde.

a eternidade parte ao meio

antes daquela hora

e depois daquela cena.

no alto daquele morro

paixão, solidão e perdão.

na sexta-feira da páscoa

no Antigo Livro

um povo perdido

marcado com sangue

era preservado da morte.

no madeiro pesado

sinal, entrega e salvação.

na sexta-feira santa

no Novo Livro

um Templo é erguido

e santificado para sempre

no coração dos homens.

6 de abril de 2009

Semana Santa













Lembro-me muito bem da semana,
depois do domingo de ramos,
da minha infância.
Não se podia fazer nada.

Era como tivesse
Morrido alguém da família.
Varrer a casa, nem pensar!
Falar alto, muito menos!
Tudo era santo. Quase sagrado.

Hoje não é nada.
Feriado mesmo só dois dias
E não vou trabalhar.

3 de abril de 2009

A poesia

Por mais que
Eu encante
Ou deslumbre
Pela poesia
Eu sei que
Ela tem as suas
Próprias palavras
E seus próprios ecos.

Por mais que
Eu visite
Os seus campos
E o seu horizonte
Eu não possuo
As suas palavras
Nem os seus ecos.

Apenas roubo
Os seus versos.

1 de abril de 2009

Como são vagos

Como são vagos
Os gestos dos que
Não têm um amor!
Não sabem
Que as flores
Só precisam de água,
Cuidados e ar.

Como são vagos
Os gestos dos que
Não têm um amor!
Se contentam facilmente
Com uma vida
Sem sacrifícios, dor
E sonhos.

Como são vagos
Os gestos dos que
Amam os bichos
E cuidam dos humanos!