30 de setembro de 2010

haicai

lancei meu barco ao mar
agora é esperar
os ventos favoráveis

28 de setembro de 2010

haicai

quando as folhas
da figueira caem –
época propicia para poda

27 de setembro de 2010

haicais

as férias permanentes
que começam na primavera,
levo na bagagem sonhos e utopiasprimeiro, as chuvas;
depois, as flores;
equinócio no hemisfério

quando queimam as matas
e cortam as árvores
surgem as raízes do mal

22 de setembro de 2010

um instante

a minha singela homenagem à capital do País (brs)














essas avenidas
que não se cruzam
esses edifícios
de imensas curvas
faz-me sentir
que a vida é muito mais
que ir e vir
apesar de ser um instante:
ainda sou poeta e me encanto.

avanço noites e dias
nessa brisa leve e solta
dessa bela cidade central
ela, com sua ponte pênsil,
vai permanecer para sempre
aqui na terra e eu, não!

no céu




















não foi em vão a minha luta
contra a tirania e a ditadura
oh, céu da liberdade!

aqui a bandeira verde e amarela
tremula em mastro altivo
em quase todas as quadras:
no palácio, nos museus
e no pátio do supermercado.

nada nesta vida é em vão
quando se luta com amor e com sangue
oh, céu do planalto central!

20 de setembro de 2010

Brasília















amanhece no planalto
a suave brisa
corre livre pela paisagem
as folhas secas no chão
se transformam em tapete.

no planalto central
tudo é tão amplo
que a distância
se confunde com o concreto,
o céu e o espaço.

tudo é tão planejado
parece túmulos para os vivos
que nunca vão morrer.

14 de setembro de 2010

fim do dia
















a tarde acolhe a brisa
e o bem-te-vi que canta
entre os galhos da árvore.

enquanto no meu peito
bate forte o desejo
de abraçar o mundo.

13 de setembro de 2010

haicai

a garça branca
parada no meio do rio
espera calmamente o peixe

sem título
















os meus desejos hoje
são tão poucos e raros
que cabem debaixo
das asas de uma borboleta

10 de setembro de 2010

isso é paixão














consigo domar os lábios...
as lágrimas...não!
mas não é por isso
que sou poeta.

não bebo cerveja...
só me sorvo de lucidez.

falo baixo... piso leve...
e acordo muito cedo.

não tenho muito que dizer
um verso basta
e uma prece é suficiente.

não basta amor,
preciso de muito mais.
dias claros, lua cheia,
beijo na boca e manhãs ensolaradas.

8 de setembro de 2010

antes

quero ir embora
antes que o caminho acabe
antes que o rio seque
antes que a lua esconda.

quero ir embora
antes que o café esfrie
antes que o céu escureça
antes que o sol esquente.

quero ir embora
antes que a noite chegue
e eu ainda tenha manhãs
para me acordar
e antes que a minha tarde acabe.

7 de setembro de 2010

destino

nasci entre montanhas
à beira de um rio
de água doce
procuro todas manhãs
o caminho que me leve
às aguas salgadas do mar.

6 de setembro de 2010

Minha boca




















Não fumo mais
O que trago é poesia
A fumaça que sai
Enche a alma e o coração
Mas não escurece os pulmões

Não fumo mais
O que trago é rima
Simples e clara
E pode ser exalada
Em qualquer lugar
Aberto ou fechado.

Não fumo mais
Antes era apenas chama
Hoje só ardentes palavras
Saem da minha boca.

4 de setembro de 2010

quasi-haicais














o tempo passa
as flores ficam
e a gente? também passa














a chuva que vem
deixa a terra seca
e a mata uma fornalha














o amor é alento
às vezes, vento;
outras vezes, brisa leve




















feliz é quem
se refaz toda manhã
faça sol ou faça chuva




















poesia é tudo
mas não tem borda
como uma linda flor

2 de setembro de 2010

nu





em frente
do espelho
não escondo nada.

a nudez
é a própria
revelação.

1 de setembro de 2010

carícias




















enquanto a minha mulher
pinta o rosto
e penteia os cabelos
com o barulho do secador,
os seus dedos
sussurram carícias,
no meu corpo
carente.