31 de janeiro de 2012

haicai

pássaros que migram
escrevem, nas nuvens,
cartas que nunca serão lidas

30 de janeiro de 2012

haicais



















as rolinha procuram
as goiabeiras distantes
para construírem os ninhos

















as chuvas de verão
deste ano inundaram
as cidades mineiras


















olhando do alto da serra
o horizonte parece ignoto
e imprecisos arabescos

14 de janeiro de 2012

Depositário fiel

Mário Sturzeneker
(in memorium)

ainda ouço a voz
da minha mãe afirmando
quão formoso e nobre
era a sua descendência
moraram na mesma vila
erguida à margem direita do rio doce

lembro-me o dia
em que fora nomeado
depositário de bens de outrem
a lista dos objetos arrestados
era detalhada e comprida
mas não comparava
com a riqueza que acumulara
em sua própria casa.
o seu lar parecia um jardim
que as colinas de Hermon,
ou as terras distantes das Índias
não possuíam

a sua alma se derretia
quando falava de suas filhas
e de sua amada esposa.
o seu tesouro precioso era
as luísas, as lúcias e as anas
o seu rosto parecia
selado com labaredas de fogo
e com a dureza de mármore carrara

10 de janeiro de 2012

haicai

o sol apareceu no céu
e a montanha se despiu
de seu véu branco

7 de janeiro de 2012

haicai

Chuva de verão.
Logo pela manhã,
sinal de tempestade.

Frutos quase doces

Minha vida hoje
É um bosque de romãs.
Uma nascente fechada.
Um rio caudaloso.
Uma mesa farta de cheiros,
de sabores e de gostos.

Um jardim de bálsamos
preciosos e raros.
Um vasilhame de cristal
Com nardos, açafrão,
Canela, mel, mirra e aloés.

Vem provar do meu bolo
E das minhas iguarias.

5 de janeiro de 2012

haicais

sol e chuva no céu
casamento de viúva
e a igreja inundada

primeiro, aparecem os raios;
só depois, muito depois
se escutam os trovões

Está lá longe.
Só escutei o eco
da chuva e dos trovões

a chuva


enquanto chove lá fora
lágrimas translúcidas
rolam dos meus olhos molhados
fazendo da minha vida
um pequeno deserto
e um momento incerto

4 de janeiro de 2012

pranteia

O rio Arrudas, em Belo Horizonte (MG)

cidade alagada
vento frio
umidade no ar
goteira no telhado
calçada invadida
ruas molhadas
o céu em pranto
faz a fúria
das águas barrentas