29 de novembro de 2008

Poema

28 de novembro de 2008

haicais




26 de novembro de 2008

Silêncios temporários

(ao meu amigo Carlos Alberto de Lima)

o que o tempo
insiste sempre em esconder
– silêncios temporários;
no entanto, teima em mostrar
– rugas permanentes.

o espaço é sempre perene
entre as palavras e as frases
que ficaram inauditas
em todas as consoantes
que não expressam nada.

agora posso escrever
todas as cartas com vogais
mescladas de vozes e respostas.

agora que encontrei meu amigo na net
não preciso de diálogos imaginários
nem ficar relendo filósofos alemães.

(26/11/2008)

23 de novembro de 2008

Poema

Este poema foi escrito nos obscuros anos da década de 1970, pelo meu amigo e companheiro de luta clandestina, Carlos Alberto de Lima, o “KAL” – aonde você estiver a minha saudade e o meu olhar de ternura.

Os dez mandamentos malditos
Desses tempos de escravidão
Anunciam persistir em
“TURBILHÃO”
Como febre alta que se consome
Os homens nos leitos dos
“Hospitais”

1. NÃO AGITAR
2. NÃO ROUBAR O PODER
3. NÃO MATAR A OPRESSÃO
4. NÃO DESEJAR A LIBERDADE
5. NÃO FAZER REAL TESTEMUNHO
6. NÃO MENTIR NOS INTERROGATÓRIOS
7. NÃO PECAR TENTANDO REVOLUCIONAR
8. NÃO REIVINDICAR REAJUSTE SALARIAL EM VÃO
9. NÃO ATENTAR CONTRA A SEGURANÇA DA NAÇÃO
10. NÃO SONHAR

Mas reajam barbaramente porque
Os “pássaros livres” garantem
Que ainda seremos assim... assim como
O sol inaugural que nasce pequeno
E agiganta-se nos olhos das
Crianças do meu peito.

19 de novembro de 2008

haicais



18 de novembro de 2008

Já não há o que contar

(“in memorium” à minha avó materna Maria Augusta da Silva”)

Já não há o que contar
Já não há mais grandes novidades
Já não há procissões como antigamente
Já não há canções nem festividades

Aqui tudo é vago e finito
Nada se leva deste mundo
Os caminhos são estreitos
Aqui o sublime é imperfeito

Esta vida daqui é uma ironia
Fazias tantas delícias gostosas
E eras, na verdade, diabética
Fazias tudo por prazer e mania

POR QUE ME RESPONDES EM SILÊNCIO?

Quantas fornadas de novidades!
Quantas tachadas de farinha de fubá!
Quantas rosquinhas doces nos patuás!
Quantas delícias nas providades!

E hoje, relembro as tuas histórias:
Os reprisados casos das comadres
Os censurados atos dos padres
As longas caminhadas à Sobrália

POR QUE ME RESPONDES EM SILÊNCIO?

A vizinha que matou 4 maridos
A labuta dos teus 7 filhos queridos
A Revolução de 30 e as perseguições
E a leva de capados sempre magros

Perdão, mas vou recordar um pouco
Lembra-te daquela casa de quintal
Lembra-te daquele cão malhado claro
Lembra-te daquela noite de temporal

O guarda-roupa velho e quebrado
A antiga imagem de Nossa Senhora
O crucifixo de madeira bem guardado
Os óculos caro para toda hora

Ainda te lembras de Pedra Corrida
Da travessia calma no Rio Doce
Do tacho de cobre cheio de doce
E do lampião no canto da sala

POR QUE ME RESPONDES EM SILÊNCIO?

Sim, onde estás não há um tempo
Sim, vives o agora e o já era
Sim vives o presente sem espera
Sim, onde estás o real é sombra

Que a tua morte tenha sentido de vida
Que a tua voz alcance os acordes divinos
Que o teu canto de dor transforme em amor
Que o teu outro mundo não tenha espinhos

15 de novembro de 2008

haicai

14 de novembro de 2008

Poema

11 de novembro de 2008

Os rios de Minas

Ao meu filho engenheiro elétrico Ivan Luiz Pinto de Paula















Os rios não sabem cantar.
Murmuram na calada da noite,
conversam com a lua
e confidenciam com as estrelas.
Os rios não sabem ficar calados
como as pedras
que encontram pelo caminho.

Nem todos os rios vão para o mar
Mas, com certeza, sonham com a imensidão.

Os rios de Minas não trazem só o cheiro,
A cor e o frescor das montanhas.
Desses rios já extraíram pedras preciosas
E riquezas que foram levadas para além-mar.

Há os que inventam caminhos
Há os que encantam serpentes
E há os que represam rios
Para retirarem força, luz e claridade.
Não é alquimia apenas cálculo de engenharia.
Esses também como os rios sonham com infinito.

9 de novembro de 2008

Vale ouro

ao meu amigo Rodrigo Valente

Não existe palavras sutis
Pra quem fala muito
Palavras não ficam
Em gavetas fechadas
Ou se escondem nas sombras
Só porque um dia
Eu disse: essa já veio pronta!
Palavra dada não volta atrás.
O vento leva pra longe as nuvens
Mas as palavras pronunciadas, não!
Não carrego palavras no bolso
Elas vivem saltitantes entre meus lábios.

Palavras sutis, definitivamente,
Não existem.
É por essas e por outras
Que o silêncio vale ouro.

6 de novembro de 2008

Princesa Diana

Cada manhã
Fica mais triste
Depois que ela se foi.

Ela era uma princesa
De verdade, uma princesa!
Seus olhos brilhavam
Como estrelas cadentes.

Cada manhã
Fica mais fria
Depois que ela se foi.

Ela era uma princesa
De verdade, uma princesa!
Sua boca era
uma fonte de água viva.

Cada manhã
Fica mais deserta
Depois que ela se foi.

Ela era uma princesa
Uma princesa de verdade
Só o seu reino era de mentira.

5 de novembro de 2008

haicais



3 de novembro de 2008

SONETO V











Solidão não paga conta
Desespero não abre portas
Sensatez não leva a lugar algum
Sacrifício não abstém desejos.

O supérfluo não preenche vazios
O sono não encurta noites escuras
Vestes brancas não apagam sentimentos
Perfumes caros não retêm momentos.

Desfrutar do amor de uma mulher
Vale mais que uma taça cheia de vinho
E uma noite de um prazer qualquer.

Não deixe nada pra atrás
Faça todas as suas vontades
Sábio não só quem sabe, mas faz.