25 de novembro de 2013

carro de boi

hoje o carro de boi
é apenas uma festa caipira
numa pequena cidade mineira

já foi o canto dos meus ouvidos

19 de novembro de 2013

Meu encanto

o meu amigo e poeta Luiz Dias sempre surpreendendo com preciosas poesias


Amar-te apenas uma vida é tão pouco.
Outras tantas, queria, como as poesias que fiz ao conhecê-la.
Mas, a cada momento, me encanto e alegro tanto, ao vê-la,
que me contento com o tempo breve sendo.

Luiz Dias

18 de novembro de 2013

haicais

a chuva fina
goteja suavemente
e molha a parede


o pássaro não canta
na goiabeira plantada
no fundo do quintal


o portão de madeira
não impede a galinha
de subir as escadas

11 de novembro de 2013

o rio, quase doce

alivia sim,
mas não conforta
ver que o Rio Doce
ainda corre para o mar,
embora saiba que em suas águas,
não há mais tantos peixes

Pensar que meu pai e eu
pescávamos de varas e anzóis
no remanso debaixo da ponte

8 de novembro de 2013

do outro lado

para Marjorie Veríssimo Pinto de Paula


os teus passos é que te levam, filha!
mas Deus é quem dá a direção

o continente asiático é grande
e enorme a necessidade do povo
ninguém muda de fuso horário
e fica ileso às intempéries do vento
nem pode parar no meio do caminho

só rompe a noite longa e escura
quem não tem medo do silêncio
o que tiver que ser, será!
Deus é Senhor do ontem, do hoje
e com certeza será também do amanhã
o tempo afasta e até atenua a dor
mas é o amor verdadeiro que cura

estender as mãos é apenas um gesto, filha!
se não houver a caridade não vale nada

do outro lado do mundo
o sol nasce também todos os dias
as roupas são bem diferentes sim!
mas os sorrisos e as necessidades iguais

do outro lado do mundo
as manhãs despertam os pássaros
guardam segredos e encobrem negrumes
como acontece também do lado de cá
é sempre recomeço cheio de resquícios
de luz, de sombras e de sonhos

do outro lado do mundo
entre templos, cidades e ruínas
aparece uma janela que se abre
repleta de cores, sons e entardeceres
como um rio que anseia o sal do mar
e do lado de cá, entre flores em botão,
o fio da espera tece as pétalas vermelhas
e retém o brilho da estrela cotidiana
apontando ansiedade paterna e humana

do outro lado do mundo
as mãos inocentes dessas crianças
sustentam corpos que brilham
e traçam caminhos sem retorno
porque aprendem a juntar letras
para escrever a própria história
os pés descalços carregam sonhos
atropelando tragetórias primaveris
e agasalhando grandes necessidades

os teus passos é que te levam, filha!
mas Deus é quem sustenta a jornada

a espera

de onde eu vim
nada tem começo
nem fim
a estrada de ferro
passa no meio
traz quem fica
e leva quem vai embora
na minha cidade
hoje sou forasteiro


depois de tantos anos
a saudade faz de mim
uma bala de canhão sem estopim
vi muita coisa neste mundo
que não cabe no meu coração
vivo solitário à beira do cais
esperando o navio atracar

7 de novembro de 2013

silêncio


as palavras não ditas
viram pedras e silenciam
mas nunca adormecem
apenas escondem segredos
atrofiam sonhos
e interrompem diálogo