31 de março de 2014
31 de março
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
06:58
nunca fui comunista
e muito menos subversivo
nunca tive bandeira
nem da direita nem da esquerda
nunca pus uma arma na mão
só muito amor no coração
nunca prestei serviço militar
mas, não corri da batalha!
quem viveu, nunca esquece
quem ouviu falar, debate
estive lá dentro, sim!
digo isso sem mágoa nem receio
hoje posso dormir tranquilo
porque amanhã não será 1º de abril
29 de março de 2014
ainda
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
15:00
ainda sinto o cheiro de mato
dos pastos do jô raminho
ainda sinto as batidas do meu coração
em compasso com o estouro da boiada
ainda guardo nas retinas dos meus olhos
as charretes coloridas da praça da matriz
ainda tenho as cicatrizes nas pernas
dos jogos no campinho da estação velha
ainda correm pelo meu corpo franzino
as águas barrentas do rio doce
ainda escuto a sirene do recreio
no pátio iluminado do ginásio tiradentes
ainda sei desviar dos paralelepípedos
que eram colocados no calçamento das ruas
ainda hoje me sinto inteiro em cada poro
e em cada parte de mim porque tudo isso vivi
25 de março de 2014
haicais
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
20:13
A chuva da tarde
trouxe mais cedo
a escuridão da noite
trouxe mais cedo
a escuridão da noite
a goiabeira do vizinho
está sempre carregada
de enormes frutos
está sempre carregada
de enormes frutos
as rolinhas comem
o farelo que sobrou
do coxo dos porcos
o farelo que sobrou
do coxo dos porcos
22 de março de 2014
lugar-comum
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
07:51
fora é tão longe
dentro é tão fundo
mas os poetas ainda insistem
mergulhando dentro de si
e vertiginosamente
se afastam de tudo que está fora
sabendo que é entorno e dentro
que estão o belo e o inusitado
dentro é tão fundo
mas os poetas ainda insistem
mergulhando dentro de si
e vertiginosamente
se afastam de tudo que está fora
sabendo que é entorno e dentro
que estão o belo e o inusitado
20 de março de 2014
outono
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
19:25
a chegada do outono às 13h57 desta quinta-feira (20/3/2014)
o outono começa hoje
não há aceno nem despedidas
só a moça do tempo lembrou
os pássaros continuam cantando
nas copas das árvores
os dias não serão mais curtos
nem as noites mais longas
haicai
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
13:36
A terra precisando
de chuva, muita chuva.
Hoje, começa o outono.
o dia de são josé traz
muita esperança para o campo -
promessa de chuva e fartura
o dia de são josé traz
muita esperança para o campo -
promessa de chuva e fartura
19 de março de 2014
Único e definitivo
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
18:53
É na margem desse rio
que busco um sentido de mim,
único e definitivo,
que me permita
calar a saudade
dos gélidos tempos perdidos
único e definitivo,
que me permita
calar a saudade
dos gélidos tempos perdidos
que passei distante
procurando espaços
e esbarrando nos vazios
perseguindo fama e holofotes
e encontrando sombras e nuvens
hoje, cansado e velho, desejo
navegar
não por terras estrangeiras,
não por terras estrangeiras,
como muitos aventuraram,
apenas não quero mais
perder-me em cada porto
que não encontro
que não encontro
17 de março de 2014
a lua
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
23:00
vejo da minha janela
a lua despida, imóvel e pequena
de tão brilhante, parece solitária,
num imenso céu escuro.
a lua despida, imóvel e pequena
de tão brilhante, parece solitária,
num imenso céu escuro.
15 de março de 2014
Homem do Direito
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
09:00
(foto do arquivo pessoal da família - Hélcio Filho)
in memórium e muita saudade do amigo e advogado Dr. Hélcio Valentim de Andrade
"o homem só consegue
apanhar as conchas do mar
quando elas estão vazias"
assim se tornam as palavras vazias e estéreis
para expressar o valor,
a dignidade e a bondade
desse amigo, conselheiro
e doutor do Direito
esse homem deixou legado,
respeito e muita saudade
esse homem do Direito,
sempre foi muito direito com todos
devo-lhe muito, amigo e conselheiro,
a mesa da minha casa ficava farta,
era sua presteza em pagar as custas
devo-lhe muito mais ao advogado,
meus estudos foram pagos em dia,
era sua solicitude em apressar o inventário
o tempo pode ser sim maior que a saudade
mas, não pode nunca, apagar a gratidão
o tempo é verdade passa muito depressa
para os bons e também para os maus
porém, para os generosos, faz brilhar a verdade
14 de março de 2014
haicais
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
07:26
o que é invisível aos outros
nas fotos antigas do colégio
são estrelas luzentes que surgem
nas fotos antigas do colégio
são estrelas luzentes que surgem
quem diz que a mente
é mais forte que o coração
não conhece as águas do rio doce
é mais forte que o coração
não conhece as águas do rio doce
13 de março de 2014
entardecer
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
08:09
aos meus contemporâneos do Colégio Libermann
"Não é por deixarmos de ver as coisas que deixamos de as sentir" (máxima Umbundu)
as fotos antigas postadas
é como velho baú,
um diário de chave perdida,
folhas amarelecidas pelo tempo:
o trote, o desfile, a formatura,
uma a uma, segredos, desejos e distâncias.
os anos passaram sim!
os receios são abjacentes às dores e às incertezas atemporais.
as recordações dos bancos do colégio
e das chuvas no verão acalentam
corpos cansados, desventuras e cabelos brancos.
o som do vinil... as discotecas... os bailes...
são passos arrastados... sonhos acordados... pedaços de vida...
É sempre preciso entardecer para nascer de novo.
12 de março de 2014
haicais
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
15:29
quantas saudades acendem
estas fotos do colégio
parece o entardecer do céu
o tempo é traiçoeiro, sim
tem o seu próprio ritmo;
mas, não apaga lembranças
coisas de antigamente,
tem nome e endereço certo,
pátio do colégio Libermann
estas fotos do colégio
parece o entardecer do céu
o tempo é traiçoeiro, sim
tem o seu próprio ritmo;
mas, não apaga lembranças
coisas de antigamente,
tem nome e endereço certo,
pátio do colégio Libermann
10 de março de 2014
forja
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
16:06
as coisas mais preciosas
guardei dentro de mim:
corri atrás de pássaros
prendi entre os dedos borboletas azuis
soltei enormes papagaios coloridos
joguei amarelinha e biroscas de vidro
banhei nas águas de um rio barrento e doce
vi bois e boiadas estourarem nas ruas
hoje, meus olhos cansados, viraram deserto
vivo em solo morto e memória fraca
hoje, não invento mais nomes,
nem consigo forjar lembranças daquilo que não fui
guardei dentro de mim:
corri atrás de pássaros
prendi entre os dedos borboletas azuis
soltei enormes papagaios coloridos
joguei amarelinha e biroscas de vidro
banhei nas águas de um rio barrento e doce
vi bois e boiadas estourarem nas ruas
hoje, meus olhos cansados, viraram deserto
vivo em solo morto e memória fraca
hoje, não invento mais nomes,
nem consigo forjar lembranças daquilo que não fui
6 de março de 2014
preciso
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
10:27
Homenagem à minha cidade natal, Conselheiro Pena
preciso de tão pouco:
a água da chuva
a ponte do rio doce
o remanso das águas
o silêncio das pedras
os ex-colegas do colégio
as fotos antigas
a casa da esquina
a rua do correio
e só mais um pouco de tempo...
5 de março de 2014
vários
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
21:54
meu livro de cabeceira
vem do além-mar
alma lusitana
vários em um só
tem melodia de fado
e gente em Pessoa
vem do além-mar
alma lusitana
vários em um só
tem melodia de fado
e gente em Pessoa
2 de março de 2014
sina poética
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
21:59
quando a vida me aperta
pra valer mesmo
pega meus braços e puxa minhas pernas
aí então é hora de ler Adélia Prado,
pra ela, o anjo esbelto mandou carregar bandeira,
pra mim, anunciou:
vai ser poeta sem precisar mentir
escreva somente o que sente
cumpra a sua sina poética
porque dor não é amargura
nem tristeza põe mesa
pra valer mesmo
pega meus braços e puxa minhas pernas
aí então é hora de ler Adélia Prado,
pra ela, o anjo esbelto mandou carregar bandeira,
pra mim, anunciou:
vai ser poeta sem precisar mentir
escreva somente o que sente
cumpra a sua sina poética
porque dor não é amargura
nem tristeza põe mesa
Assinar:
Postagens (Atom)