Apresentação
Passei a vida toda procurando uma forma de encontrar a medida certa, a palavra correta, a atitude aplausível e o gesto coerente com tudo que acredito.
Sempre existiu uma linha tênue entre o que é profundo e superficial. Em toda minha vida procurei me expressar da melhor maneira possível. O nosso conteúdo vai muito além da expressão verbal ou até mesmo corporal. Achar a medida certa. Esse foi meu objetivo ao escrever esses poemas. Foi um exercício diário, árduo e, ao mesmo tempo, prazeroso; nessa altura da minha vida é muito bom impor um desafio. Tendo em mente apenas um objetivo, um propósito, ser o mais claro possível, não cabe a expressão prolixo, não desperdiçar palavras com ideias nebulosas. É assim que a comunicação hoje exige e cobra a todo instante. O tempo já foi dinheiro, hoje, não é mais; vivemos na era do "megabit" que é nada mais do que tempo e espaço no menor "chip" possível.
Apresento-lhe meu livro eletrônico intitulado "pequenos poemas" não de pequenez, mas de sucinto, enxuto e direto.
a promessa
Lembro-me
quando Jango
vice-presidente
da República
prometeu a
reforma agrária
terra para todo
mundo plantar
Muitos, naquela
época, prometiam
dar-se em
casamento depois do decreto.
O golpe
militar, pensando no bem da Nação
fechou o
congresso para não aprovar a lei.
a sede do mar
Quer saber o
tamanho
do seu mundo?
– meça o
deserto de sua alma!
não pode ser maior
que a sede do mar não!
a vaca e o boi
Não há o que
fazer
a vaca já foi para
o brejo
só a carne do
boi é exportável.
ah, tempo...
Se para você o
que guardo são utopias:
ruas descalças,
cirandas infantis e serenatas apaixonadas
perdoa-me, o
que nos separa não é questão de gosto
ou outra coisa
qualquer
mas,
simplesmente o tempo...
bastam
O tempo do amor
acabou
hoje, vamos
juntar os bens
com cláusulas
bem claras
lirismo não
fica bem
abrir portas de
carro nem pensar!}
dois corpos na
cama já bastam.
(aguarde os próximos poemas deste livro eletrônico inédito "Pequenos Poemas")