3 de novembro de 2007

haicais













a abelha procura o mel
as noites avançam para a claridade
o poema não substitui um beijo

muito além da noite
muito aquém da aurora
é na escuridão que nascem as estrelas

o poema se faz sem a menor sutileza
e se me escapa como um pássaro
ficam resquícios nas pontas dos dedos

o que restou é irrisório:
um facho de luz, uma semente
e o primeiro dia do ano-novo

nasci entre montanhas e rios
a noite não precisa de estrelas
ouço os ventos e me calo no silêncio

Tudo que existe entre a alma e o olhar
por mais claro que seja não decifra
– a vida não cabe nas palavras

Tudo que tenho são essas mãos vazias
os ouvidos atentos à quietude da alma
e os olhos fixos no vazio do dia

É pelos atalhos que vou mais seguro
porque toda distância tem um fim
e todos os caminhos levam ao mesmo infinito

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