15 de fevereiro de 2009

Histórias da minha cidade II

Quitandas de amor

Quando minha avó filinha vinha de sua cidade para fazer os doces e as quitandas na minha casa. Era uma festa. Como se os anjos tivessem batendo na porta do céu. Ou como os pássaros em revoada tivessem voltando de uma grande invernada.
Minha mãe preparava o forno de barro, que ficava bem em frente à porta da cozinha. E mandava limpar o quintal e consertar a cerca de pau de braúna.
...
Minha avó materna tinha a capacidade de ensinar que o amor era tátil bastava tocar com suas mãos de pele, de ossos e de carne. Deus fez a sua Obra e descansou; a minha avó não, passou a vida inteira ensinando uma maneira delicada de amar. Enquanto sovava as massas falava de sua vida como uma curva branda de um rio invisível que tinha lá nas encostas de um lugarejo das terras dos bugres.
O amor da minha avó tinha o cheiro de tacho no fogo e o gosto de doces amanteigados.

1 comentários:

Flávia Muniz Cirilo disse...

Gostei!
bonito essa vó de amor!

flávia