27 de abril de 2010

Fio de algodão















não quero falar
da lua cheia
nem do céu azul
que estão ao meu redor.

quero sim, de olhos fechados,
envolto à redoma de vidro,
descrever sonhos e memórias
do menino pálido e magricelo
(entre os ventos de agosto),
que empinava pipas coloridas
com suas asas tênues
presa ao fio de algodão
subiam nas alturas das nuvens.

quero sim, revelar os segredos
que a vida insiste em manter intactos
tudo é tão efêmero e provisório
os ventos que carregam lágrimas
e trazem limites, fronteiras e solidão.

entre os dedos firmes e suados
apenas uma névoa presa ao fio.

1 comentários:

Márcia Sanchez Luz disse...

Mauro, é interessante como o vento parece evocar um passado em que tudo era tão simples e verdadeiramente delicioso. Acho que ele tem um movimento que assusta, pois é capaz de também levar embora nossos sonhos - e também nossos temores.

Um abraço, amigo!

Márcia