A setia leva a água
que faz mover o roda-d'água.
a vida dos homens
sem paixão falta luz
e claridade.
fica tão frágil
e seca.
30 de junho de 2010
Luz e claridade
Breve e provisório
28 de junho de 2010
haicais
com suas lindas flores
27 de junho de 2010
25 de junho de 2010
Enchentes
Casas não restam
Amores e dores sim!
As roupas sujas no corpo
sem os cobertores para cobrir
assim ficou a pobre gente
da região do Nordeste
depois das enchentes.
Nem fotos nem memórias
nem flores nem documentos
só a certeza de que o alimento
não vem do céu nem do sertão
mas da solidariedade
de um povo quase feliz.
21 de junho de 2010
Outros mares, outras ilhas
um engenheiro mecânico
que aprendeu outro oficio.
lidar com as palavras
como Deus lida com as estrelas.
a sua única cegueira –
enxergar as mazelas humanas.
sabia que a paixão
tem vários nomes
e o amor apenas um: pilar.
outros mares, saramago navega!
outras ilhas, saramago escreve!
14 de junho de 2010
Janela
A janela expia a gente de forma tão presente, passado e futuro. Demolida a casa, a janela fica na gente, nunca esquecida. A gente é olhado de forma esquisita pela janela. Nela, a vida passa, os amores chegam e vão embora. Como chegaram, vão; mas, muitos ficam. A janela fica esperando o início de uma nova estória. O sol chega todos os dias e vai embora. A janela, não. Ela espera o sol, as tempestades. Ela vê nossa primeira primavera e a última. Demolida a casa, a janela fica na gente, nunca esquecida...
10 de junho de 2010
Navegar, não é nada preciso

mesmo que eu bebesse
toda água salgada
dos mares e dos oceanos
não chegaria ao fundo
dos sentidos e da linguagem
da "vida submarina"
os versos não têm ritmos
nem rimas poéticas;
a pulsação vem do ventre
e de uma incrível equação
do coração e da alma feminina.
parece “um livro mineral
com a atenção dividida entre o céu e as letras,”
e navegar nas suas páginas/águas
não foi nada preciso e suave.
8 de junho de 2010
Muito longe
vinde de longe,
muito mais longe eu vou
sei que o que toco
aqui na terra
aqui na terra vai ficar:
os metais, os rios,
os mares e as montanhas.
dos meus dias
não posso subtrair
nem acrescentar
porque a vida
é apenas um movimento
não é igual ao rio
que constantemente
está seguindo seu leito
até chegar ao mar.
o meu leito não é
aqui na terra.
eu sou de longe
e vou para mais longe.
3 de junho de 2010
Bailarina

quando baila solta na leveza do ar.
parece uma sombra das espumas do mar.
minha filha, bailarina
faz movimentos nas pontas dos pés
e rodopia com a leveza do corpo.
minha filha, baila sem asas coloridas
pelo céu azul e pela vida sem fim
como uma borboleta brincando
com o vento no jardim.
minha filha é uma linda bailarina.
1 de junho de 2010
Travessia
minha sogra Rita Pulcéria,
viveu quase noventa anos,
entre o córrego Palmital e a morte.
proprietária de pouca terra
e criou poucos filhos.
não sabia ler as letras
mas conhecia as raízes
e as luas.
sabia sim acolher os amigos
como as abelhas sabem
escolher as flores
para extrair o mel.
quase aos noventa anos
minha sogra não morreu
atravessou outro córrego.