28 de outubro de 2010

ainda...


não ouso
transfigurar nada
porque ainda me nutro
das folhas que o vento
insiste em derrubar
das árvores.

ainda guardo nos olhos
as cores das flores
do jardim da infância.

ainda atiro pedras
sobre o espelho
d'água do rio Doce.

ainda ouço os sinos
da igreja Matriz
despertando os homens
e os arcanjos.

ainda danço a sinfonia
selvagem das pétalas
e das noites escuras.

ainda tenho na boca
o gosto dos bolos
das barraquinhas de maio.

1 comentários:

Maris disse...

Lindo, Mauro!
Memória é algo que nos constitui, nos olhos, na boca, corre nas veias, viva. Para sempre ainda.
Ainda bem! rs
Beijos