13 de fevereiro de 2012

silêncios

silêncio I

hoje minhas palavras
não querem dizer nada
o verso ficará mudo
e o poema manterá calado
hoje elas apenas
revelarão o meu silêncio
o meu pranto e a minha dor


silêncio II

no quarto escuro
pranteio todas as noites
em sonoros soluços
o dia parece tão longe
quanto o canto dos pássaros


silêncio III

a minha sina
é a memória perdida
a música sem partitura
as retinas sem claridade
e os lábios sem voz


silêncio IV

o tempo não deixou
nem pó pelo meu caminho
apenas pequenas gotas
de lágrimas nos meus olhos


silêncio V

enquanto o filho
tenta tirar as notas
das cordas do violão
o meu coração murmura
sustenido compasso
sem orquestra


silêncio VI

não sei se as nuvens
levam o vento
ou se é o vento que leva...
carrego na leveza
das asas da borboleta
as minhas lembranças perdidas
sem as manhãs perfumadas


silêncio VII

nada resiste ao tempo
nem as lágrimas nem o pranto
somente a semente que cai na terra
faz nascer a flor
e muito tempo depois, o fruto


silêncio VIII

ouço todas manhãs
os acordes dos ventos
o barulho da chuva
o canto dos pássaros
e as preces do meu coração
insone e atento


silêncio IX

o vento assobia
preces aos meus ouvidos
arrancando da memória
cada ilusão que o tempo
insiste em guardar
como se fosse uma canção


silêncio X

o meu pranto
é uma prece de alento
que a chuva não carrega
nem o vento afasta
apenas fere
esta manhã triste e fria

2 comentários:

Mirze disse...

MAURO!

Maravilhosos seus versos! As imagens que passam, belíssimas, chega a emocionar.


O "III" o IX e o X estão perfeitos. Não deixando os outros de lado.

Parabéns!

Beijos

Mirze

Mirze disse...

MAURO!

Maravilhosos seus versos! As imagens que passam, belíssimas, chega a emocionar.


O "III" o IX e o X estão perfeitos. Não deixando os outros de lado.

Parabéns!

Beijos

Mirze