silêncio I
hoje minhas palavras
não querem dizer nada
o verso ficará mudo
e o poema manterá calado
hoje elas apenas
revelarão o meu silêncio
o meu pranto e a minha dor
silêncio II
no quarto escuro
pranteio todas as noites
em sonoros soluços
o dia parece tão longe
quanto o canto dos pássaros
silêncio III
a minha sina
é a memória perdida
a música sem partitura
as retinas sem claridade
e os lábios sem voz
silêncio IV
o tempo não deixou
nem pó pelo meu caminho
apenas pequenas gotas
de lágrimas nos meus olhos
silêncio V
enquanto o filho
tenta tirar as notas
das cordas do violão
o meu coração murmura
sustenido compasso
sem orquestra
silêncio VI
não sei se as nuvens
levam o vento
ou se é o vento que leva...
carrego na leveza
das asas da borboleta
as minhas lembranças perdidas
sem as manhãs perfumadas
silêncio VII
nada resiste ao tempo
nem as lágrimas nem o pranto
somente a semente que cai na terra
faz nascer a flor
e muito tempo depois, o fruto
silêncio VIII
ouço todas manhãs
os acordes dos ventos
o barulho da chuva
o canto dos pássaros
e as preces do meu coração
insone e atento
silêncio IX
o vento assobia
preces aos meus ouvidos
arrancando da memória
cada ilusão que o tempo
insiste em guardar
como se fosse uma canção
silêncio X
o meu pranto
é uma prece de alento
que a chuva não carrega
nem o vento afasta
apenas fere
esta manhã triste e fria
13 de fevereiro de 2012
silêncios
Postado por
Mauro Lúcio de Paula
às
17:51
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2 comentários:
MAURO!
Maravilhosos seus versos! As imagens que passam, belíssimas, chega a emocionar.
O "III" o IX e o X estão perfeitos. Não deixando os outros de lado.
Parabéns!
Beijos
Mirze
MAURO!
Maravilhosos seus versos! As imagens que passam, belíssimas, chega a emocionar.
O "III" o IX e o X estão perfeitos. Não deixando os outros de lado.
Parabéns!
Beijos
Mirze
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