8 de julho de 2012

O menino e o tempo


A enxurrada no rio
Leva-me no sem fim
Da minha infância
O rio tem seu leito
E seu destino
E, eu mesmo distante,
Ainda penso, não na infância
Mas, no rio, que continua
Correndo em direção ao mar.

Na cabeceira da ponte
Os olhos da noite
Refletiam a lua cheia
E no espelho d’água
O meu corpo eram as pedras
Que não se cansam da solidão.

Debaixo da goiabeira
Defronte da casa velha
Eu, então, menino,
De mãos dadas com o tempo
Um na companhia do outro
No mormaço da tarde
Fazendo conta
inventando estórias
E tudo, em silêncio.

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