28 de agosto de 2012

Amanhecer


A terra molhada
a rua calçada com paralepípedo
os pés descalços na água de chuva
a mina jorrando água limpa pelo caminho
onde as rãs desafiavam a água
e o capim gordura crescia
exalando o odor das manhãs frias.

Avisto o zé boiadeiro tocando
a junta de bois, um, o boi carreiro
o outro, indo para o matadouro
à frente deles, o silêncio
e atrás, pegadas e estrumes.

Aprendi a datilografar
muito cedo para trabalhar no cartório
e com os meus dedos ligeiros
escrevesse todos os nomes do coração
incluindo as histórias da minha cidade
impregnadas de sonhos, de desejos
e de afagos guardados por várias gerações.

Hoje tento conciliar o presente e o passado
como seiva de madeira de lei
e fogo que aparece todas amanhãs
quando escrevo um poema transitório.

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