6 de novembro de 2012

as contas


quem conta os dias pelas horas do relógio
esquece que a noite enfadonha
vem sorrateiramente e apaga a claridade do dia

nada detém a fúria do tempo
é como a relva [do campo]
vem a foice, ceifa;
vem o vento forte, espalha;
vem o homem, amontoa;
vem o fogo, queima

quem conta os meses pelas fases da lua
corre sério risco de confundir
um semi-círculo com a parte convexa
entre duas fases iguais consecutivas

quem conta os anos pela distância
da terra em relação ao sol
transforma toda a sua existência
num calendário antigo de parede

1 comentários:

regina ragazzi disse...

Muito interessante e reflexivo seu poema. Abraços!!