26 de abril de 2012

ainda

ainda me vejo
andando pelas ruas
de terra
rompendo a esquina
do armazém canta galo
ouvindo vozes de bêbedos
e boêmios

ainda me vejo
debaixo da mangueira
do quintal do seu nazário
com medo
da cacimba
e dos cabritos

ainda me vejo
no campinho de grama
jogando bola
livre como borboletas
no ar

ainda me vejo
na estação velha
sonhando com viagens
de trem até o mar


ainda me vejo
à beira do rio doce
aguardando a hora
certa de entrar
nas águas barrentas
para chegar do outro
lado da margem

ainda me vejo
no quarto dos fundos
lendo kafka, meireles,
hesse e proust
sozinho, é verdade,
mas sempre na companhia
de muitos

1 comentários:

Pedro disse...

Muito bom, Malupa! Pedro.