26 de fevereiro de 2013

vício

já me alimentei
de utopia
como os pássaros
de farelo,
os morcegos
de frutas
e as galinhas
de milho

quando a minha idade
pedia liberdade
meu país era ditadura
faminto de palavras
embebeciam-me de silêncio
desejoso de espaço
proibiam-me lindas canções
pior do que não ter é não poder ter
às vezes morrer é melhor que viver
onde não se pode nada

a vida só boa
quando há fartura
travessia, agora e eternidade

utopia demais alivia
e sustenta por um tempo,
um bom tempo,
mas machuca a alma
e torna-se vício

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