eu sou apenas
uma lamparina acesa
no casebre.
eu sou apenas
um estrela solitária
no céu.
eu sou apenas
um homem feliz
no mundo.
eu sou apenas
um pai realizado
na vida.
eu sou apenas
uma linda canção
no rádio.
eu sou apenas
uma nuvem branca
no infinito.
eu sou apenas
uma andorinha apressada
no verão.
eu sou apenas
uma flor vermelha
no jardim.
eu sou apenas
um doce cristalizado
na cristaleira.
eu sou apenas
um trilho enferrujado
da estrada de ferro.
eu sou apenas
um ser humano
aprendendo civilidade.
31 de agosto de 2010
apenas
29 de agosto de 2010
só vale a dois
28 de agosto de 2010
Amor de verdade
amor de verdade
perdoa e doa
ao mesmo tempo.
amor de verdade
têm mãos livres
para enxugar
as lágrimas do outro.
amor de verdade
sabe a hora certa
de falar e de calar
– palavra é doce –
– silêncio é néctar.
amor de verdade
pisa leve no quarto escuro
e caminha a passos largos
nos dias claros.
amor de verdade
sobrevive à distância
atravessa o tempo
não guarda rancor
e ainda amanhece
de bom humor.
amor de verdade
não precisa de milagres
nem de esperança
ontem já passou
amanhã não importa.
é hoje que compensa viver.
27 de agosto de 2010
Proa
o sol nasce
no horizonte,
na parte dianteira
do barco
e amanhece
uma nova etapa
em minha vida.
saudades e lembranças
vão encher meus olhos
do sal das águas do mar
(lágrimas e vastidão).
26 de agosto de 2010
beleza
24 de agosto de 2010
enquanto eles não chegam...

enquanto eles não chegam...
o amor hiberna
na monotonia da mãe.
só as coisas ternas
fazem milagres na vida
e a mãe é só ternura.
enquanto eles não chegam...
a boca da mãe é só sorriso
alegria misturada com felicidade
é que realiza os sonhos em dobro
e traz a preocupação com o carrinho
de um ou de dois lugares.
quando os gêmeos nascerem...
dois berços, várias mamadeiras
e muitas fraldas e... mais fraldas.
(não era isso que ela esperava
mas felicidade pouca é bobagem!)
23 de agosto de 2010
22 de agosto de 2010
haicais
haicais
20 de agosto de 2010
Ainda acredito
ainda acredito
que pode haver
felicidade
sem que se precise
morrer.
ainda acredito
que do outro lado
do muro
tem um jardim
florido.
ainda acredito
que não é preciso
de um barco
para atravessar
o mar, basta vento a favor.
ainda acredito
que as horas
continuam passando
devagar
e mesmo sem asas
posso voar.
ainda acredito
posso acalmar a ventania
que ameaça as noites
escuras da minha vida.
ainda acredito
que posso escrever
a minha história
antes do ponto final
e ainda posso colocar muitas vírgulas.
19 de agosto de 2010
Não me pertence
18 de agosto de 2010
Matriz de São José
A igreja era pequena.
E as paredes pareciam maiores.
Os bancos de madeira maciça
Eram mais fortes e robustos
Que os próprios fiéis.
O padre era ofegante, suado
E estrangeiro de terras longíguas.
As batinas eram pretas, surradas e grossas.
As tábuas do púlpito subiam
Até o teto forrado de madeira nobre.
As flores que enfeitavam o altar
Vinham do jardim da casa paroquial.
A ladainha comprida e cantada
Dava o tom da celebração.
O murmúrio de reza latina
Ainda enfeitam o altar
Das minhas remotas
E castas lembranças.